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Ziraldo : Morreu o rebelde mais amado do Brasil

 O velório não podia deixar de ser aberto ao público que sempre se surpreendeu com sua obra mágica, encantadora e rebelde. E foi mesmo. 


 O pai do Menino Maluquinho  faleceu no sábado a tarde, deixando órfãos crianças e adultos que cresceram com sua obra  que era um verdadeiro deboche inteligente  quanto a realidade tão amarga e fria e ao mesmo tempo feliz e quente. 

 

Ziraldo e seu Menino Maluquinho- foto: reprodução

Com  suas tiras adultas, políticas, infantis , sobre a sociedade e a arte e a história, passando pela literatura infantil ao jornalismo e a literatura rebelde e sem papas na língua, a mente irriquieta  era a do mesmo  corpo    de 91 anos abrigou por quase um século, um verdadeiro timoneiro de seu tempo. 


 A despedida do corpo foi  no Museu de Arte Moderna do Rio, na zona sul do Rio.  



No caixão, a bandeira do Flamengo, time de coração do mineiro que escolheu a cidade carioca para viver depois de adulto. Quando chegou, ela ainda era a capital do Brasil.. Ao lado do corpo estava  o boneco do Menino Maluquinho, e também um desenho em papel do  seu alter ego moleque. 

 

Ziraldo na última entrevista de Jô Soares - foto:TV Globo

A cineasta Daniela Thomas, filha do ''menino'' falou sobre os últimos momentos do pai.


 

"Desde 2018 que ele estava acamado. Desde então, foi um declínio muito grande. Essa passagem dele é uma coisa que a gente até desejava para o alívio do sofrimento que ele estava tendo", disse emocionada.


O velório de Ziraldo-foto: Folhapress


 Fabrizia Pinto , outra de suas filhas lembrou a importância  que o pai teve papel  na luta contra a ditadura militar.


"Ele é uma das pessoas que salvou o Brasil da ditadura. Ele ficou no Brasil para lutar com a pena. Com papel, com ideias pequenas e pérolas. Uma pessoa como essa não vai embora", disse Fabrizia, que falou ainda sobre o desejo de ter uma estátua no Rio em homenagem a seu pai.


"Eu quero muito que meu pai tenha uma estátua no Rio de Janeiro sentadinho do lado de Drummond (Carlos Drummond de Andrade) porque eles se amavam muito e eram muito amigos", disse, enquanto chorava .

Ziraldo em 18 de maio de 1969-foto: Estadão


  Eduardo Paes, o prefeito do Rio, disse que o cartunista, escritor, jornalista e lutador terá todas as homenagens possíveis. "Ele tinha uma carioquice muito especial. Ele é de uma geração de mineiros que vem para o Rio mostrar todo seu talento e se espalha para todo Brasil.   ele tinha um ‘q’ de carioquinha", disse o prefeito à Folha de São Paulo.


 Ziraldo Alves Pinto foi um dos fundadores nos anos 1960 do jornal “O Pasquim”, um dos principais veículos a combater a ditadura militar no Brasil.


Em vida, Ziraldo também foi apresentador de TV na TV Brasil nos anos 80 e nos anos 2000 . Uma de suas últimas aparições públicas foi no último Programa do Jô ,  de seu amigo Jô Soares, onde foi o último entrevistado do clássico programa de entrevistas e humor.

 

Ele  formou-se em Direito na Faculdade de Direito de Minas Gerais, em Belo Horizonte. ano também que  entrou para o time das revistas “A Cigarra” e, depois, “O Cruzeiro”. Em 1958, casou-se com Vilma Gontijo,  que havia sido sua namorada por sete anos. Tiveram juntos três filhos, Daniela, Fabrizia e Antônio. após a morte da esposa no ano 2000 , se casou com uma de sua primas, Márcia Martins da Silva.

 

Ziraldo foi colunista também de revistas célebres como a '' Homem'', que mais tarde viraria a '' Playboy Brasil'',  por lá seu  personagem '' Mineirinho'' provocava a sociedade e suas hipocrisias enquanto se relacionava com inúmeras mulheres. e pela saudosa revista Manchete tinha sua coluna que ficou até o fim da revista em 2000.( Ele iniciou a carreira nos anos 1950, na revista “Era uma vez...”. Em 1954, passou a fazer uma página de humor no mesmo “A Folha de Minas” em que havia estreado.)


Um dia depois do AI-5, baixado em 13 de dezembro de 1968, Ziraldo foi detido em casa e levado para o Forte de Copacabana.

  


“O Menino Maluquinho”,  considerado um dos maiores fenômenos do mercado editorial brasileiro em todos os tempos foi criado em 1980 e chegou a virar filme em 1996.


O corpo de Ziraldo foi enterrado por volta das 16:30 deste domingo, 07 de abril de 2024.

 


Mas a Obra do rebelde com muitas causas ficará eternizada na cabeça de milhões de brasileiros e  estrangeiros que foram presenteados por sua obra e sarcasmo inteligente. 

Fonte: Folha, G1