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"Vem, meteoro": Uma análise sobre o fatalismo pessimista nas Redes Sociais

 O texto que envio essa semana é uma adaptação de um trecho do meu artigo “"Vem, meteoro": Uma análise sobre o fatalismo pessimista nas Redes Sociais”. Para ler o artigo completo, acesse a página dos anais do COMUNICON 2023, clicando aqui. Espero que gostem!

  Nos últimos meses de 2019, testemunhamos o agravamento de desafios que moldam o futuro da humanidade na Terra. A devastadora pandemia, ameaças nucleares, desastres climáticos e outras crises questionam a continuidade da espécie. Esse cenário fatalista, caracterizado por um pessimismo exacerbado, exclui a ação humana da equação, preferindo isentar-se de responsabilidades em vez de buscar soluções.
 

 Essa sensação de impotência reflete-se nas redes sociais, onde expressões como "Vem, meteoro" e "O apocalipse deixa de ser um medo e se torna uma esperança" ganham destaque. O uso recorrente dessas frases, eleito pelo Jornal O Globo como expressão do ano em 2016, evidencia uma tendência preocupante em nossa realidade contemporânea.  


 Diante dessa conjuntura global, é crucial compreender os desafios, a expressão do pessimismo digital e as medidas necessárias para prevenir catástrofes. Assim, proponho que exploremos o impacto do "excesso de presente" e do presentismo na visão apocalíptica do futuro, junto com a redução do horizonte de expectativa e as incertezas resultantes de rupturas históricas.

Observamos o uso dessas expressões em comentários políticos em fóruns como o Reddit, abrangendo posições de esquerda e direita. Nas redes sociais, Facebook e Instagram, vídeos e postagens de teor fatalista frequentemente carregam conotações políticas explícitas.

Além disso, é crucial destacar que essas expressões têm uso político tanto entre usuários de direita quanto de esquerda. Na esquerda, denotam derrotismo em relação ao sistema capitalista, enquanto, na direita, refletem resistência à mudança e preferência pela extinção a aceitar novas realidades.

A análise revela a presença do pânico moral associado a minorias em certos contextos, indicando uma temática política frequente entre conservadores. Em publicações jornalísticas, comentários do tipo "Vem meteoro" refletem a frustração e desespero das pessoas diante dos desafios globais, uma expressão de desabafo diante da falta de confiança nas soluções propostas.

É possível destaca ra importância de considerar a imaginação, a aspiração e a antecipação na busca de soluções. O autor e historiador alemão Reinhart Koselleck traz o conceito de “horizonte de expectativa”, que contribui para uma análise das perspectivas históricas, juntamente com sua contraparte, "espaço de experiência", sendo ambos complementares na análise de um determinado tempo histórico. A análise do espaço de experiência requer a consideração dos eventos passados que influenciam a compreensão histórica e as expectativas de uma época específica. O autor argumenta que esses conceitos são distintos de outras categorias que aparentemente são opostas dialeticamente, afinal, essas duas categorias, na realidade, estão interligadas.

O espaço de experiência da época que vivemos pode ser entendido como o de uma época marcada por sofrimento, retrocessos e falta de visão de futuro. A opressão marcada pela necessidade do aumento das margens de lucro faz com que a depressão e ansiedade sejam constantes no nosso tempo. O resultado é um horizonte de expectativa deprimido e pouco ousado, já que toda tentativa de mudar esse cenário através da revolta e de revoluções é propagandeado como algo que não dá certo e só traz muito sofrimento.

Reconhecer as raízes do fatalismo pessimista e buscar alternativas para romper com a paralisia que ele traz são passos importantes para construir um futuro mais esperançoso e promissor. Assim, é necessário não apenas analisar esse fenômeno, mas também refletir e agir, levando em consideração a importância da imaginação na transformação de desafios em oportunidades.
 

 

 Bruno Paiva tem 30 anos , é de MG e jornalista e se define como''  alguém que quer   fazer algo para a internet mas não sabe o que. Ele é criador do canal Viagem Atômica e é colaborador da TV DTV com seu material de vídeo e agora também aqui no Oráculo com suas crônicas que são publicadas também em seu Newsletter do Paiva.