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COMO A CONSTRUÇÃO DO RODOANEL DE SP E A TRAGÉDIA DE MARIANA PODEM SER OS RESPONSÁVEIS PELO SURTO DE FEBRE AMARELA

A destruição de mais de 1.775 hectares de margens da bacia do Rio Doce – sendo 324 de mata atlântica (equivalentes a 453 campos de futebol) –, a morte de toneladas de peixes, a falta de confiança na água que abastece comunidades e a suspensão da pesca são notoriamente culpa do rompimento da Barragem de Fundão, da Mineradora Samarco, em 2015. Esses estragos são reconhecidos pelo Ibama, ICMBio e secretarias de Meio Ambiente de Minas Gerais e do Espírito Santo. Mas um boato que corre desde o ano passado tem colocado também na conta do maior desastre socioambiental do Brasil a disseminação da febre amarela.A degradação ambiental, segundo especialistas, é um importante componente no alastramento do surto, bem como a deficiente cobertura vacinal em regiões endêmicas como o estado de Minas Gerais.De acordo com o subsecretário de Vigilância e Proteção à Saúde, Rodrigo Fabiano do Carmo Said, da Subsecretaria de Vigilância e Proteção à Saúde de Minas Gerais, não há estudos que embasem essa relação, mas há investigações sendo feitas. “Entendo que é uma afirmação que precisa de confirmação científica. Trata-se mais de especulação do que de fato comprovado. É importante ser estudado, há instituições fazendo isso, mas precisamos pensar que também existem outras regiões com casos humanos e epizootias (de animais) que não foram atingidos pela barragem e nem estão próximos”, disse o subsecretário.

O biólogo Carlos Alfredo Joly, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), também já tratou sobre esse caso, que considerou como uma falha de interpretação. “O surto tem mais relação com a falta de cobertura vacinal das áreas com recomendação de vacina do que com a devastação que a bacia do Rio Doce sofreu. Por si só gravíssima, já que compactou o solo e pode impedir que em uma geração as matas destruídas voltem a ser como foram uma vez”, afirmou. Entre julho de 2014 e dezembro de 2016, quando os primeiros pacientes do surto começaram a adoecer, a ocorrência de casos humanos foi compatível com o período sazonal da doença. Porém, o Ministério da Saúde alertou o governo mineiro que a morte de macacos em períodos considerados anormais indicava que as condições eram favoráveis à propagação da virose entre humanos, o que exigia ações e esforços adicionais de vigilância, prevenção e controle. Contudo, a cobertura vacinal da época no estado, que tem indicação de vacinação em praticamente todo o território, não passou de 47%. Atualmente, está em 82%.

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TRAGÉDIA DE MARIANA FOI O COMEÇO
Um dos estudiosos dos impactos da tragédia de Mariana e que já ministrou painéis com a temática da relação da febre amarela com o rompimento da barragem é o biólogo e professor de ecologia da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) Sérvio Ribeiro. De acordo com o especialista, um desequilíbrio maior poderia ter ocorrido caso o rejeito da barragem tivesse invadido as florestas das regiões atingidas pelo vírus antes da Barragem de Candonga, que absorveu cerca de 20 milhões de metros cúbicos de lama em seu reservatório. Nas porções além da barragem, trechos do médio e baixo Rio Doce, a lama não chegou a sair da calha do rio, não afetando a vegetação ciliar ou reservas florestais. “(Essa relação dos surtos de febre amarela com o rompimento da barragem) não faz muito sentido. As populações de mosquitos, macacos e vírus estão intrinsecamente relacionadas ao interior da mata”, disse.   A bióloga da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Márcia Chame explica que o aumento de casos da doença acontece nos lugares que tiveram áreas ambientais degradadas. O desastre de Mariana destruiu praticamente toda região da bacia do rio Doce, onde está grande parte das cidades mineiras que registraram suspeitas e mortes da doença.Resultado de imagem para TRAGÉDIA DE MARIANA

“A febre amarela no Brasil é silvestre. Você vê que os casos estão nas áreas rurais, onde o homem vai avançando nas matas e deixando pouco espaço para os animais. Esses bichos se aproximam do homem, fazendo com que ele entre no ciclo da doença, que era mantido na floresta no passado”, descreveu Márcia ao jornal   O TEMPO.Resultado de imagem para TRAGÉDIA DE MARIANA

Segundo a estudiosa – que coordena a Plataforma Institucional de Biodiversidade e Saúde Silvestre na Fiocruz – , a doença é cíclica e, geralmente, tem surtos que ocorrem de sete em sete anos no país. “Em 2009, tivemos um surto grande no Rio Grande do Sul (área que foi considerada livre da doença por mais de 50 anos), já houve em São Paulo e Tocantins. Correlacionamos o surto com 7.200 parâmetros diferentes, para ver qual consegue explicar”, esclareceu Márcia. Uma das hipóteses, segundo ela, é que o desastre de Mariana possa ter contribuído. “Houve uma degradação ambiental maior na região”, afirmou.
MÁRCIA CHAMA BIÓLOGA DA FIOCRUZ


Márcia ressaltou que não se tem conhecimento ainda se esse é um motivo efetivo. “Nunca é uma causa única, é um conjunto de fatores. Nós já estamos estudando isso”, afirmou. Ela destacou ainda que a degradação da bacia do rio Doce iniciou antes do rompimento da barragem, em novembro de 2015.
Mosquitos Demais reclamam os moradores Só coincidência?
Dados Importantes que refutam a Teoria

Minas tem 133 ocorrências da doença sob investigação, sendo que 20 pacientes já tiveram o diagnóstico confirmado. Do total desses, dez morreram, e outras 28 mortes estão sendo apuradas, somando 38 possíveis óbitos por causa da febre amarela, neste ano, no Estado. Os municípios que tiveram o maior número de casos são Ladainha, no Vale do Mucuri, com 29 notificados, e Caratinga, na região do Rio Doce, com 23. Dia 13 de janeiro, o governo estadual decretou situação de emergência em 152 cidades.

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PARQUE DE BELO HORIZONTE É FECHADO APÓS MACACO MORRER
Além dos casos em cidades mineiras, 11 macacos – que são hospedeiros do vírus – morreram na região próxima a Colatina, no Espírito Santo, que também foi atingida pela lama da barragem no rio Doce. Porém, ainda será investigado se os óbitos dos animais lá foram por febre amarela. No Estado vizinho, já foram registradas 80 mortes de macacos. Mudanças no ambiente podem deixar os bichos mais suscetíveis a doenças, explicou a bióloga da Fiocruz. 

A febre amarela tem como vetor na floresta o mosquito Haemagogus, que recebe o vírus ao picar um animal contaminado e pode transmite ao homem numa próxima picada. Por isso, é importante manter unidades de conservação, para que os animais ajam como filtros da doença. “O homem está entrando e destruindo as áreas preservadas. E os fragmentos naturais têm que ser grandes suficientes para ter alimento para manter os animais ali dentro”, defendeu Márcia.Perto do horto florestal de São Paulo estao desmatando pra construir um rodOanel e muitos acreditam que isso colaborou para  os mosquitos se multiplicarem e virem para a cidade. A região do Horto foi a região onde o surto se alastrou por São Paulo.Todos os macacos bugios do Parque Horto Florestal, na Zona Norte da cidade de São Paulo, foram mortos pela febre amarela. Ao todo, 17 famílias, totalizando 86 macacos, morreram após contrair o vírus da doença .  A espécie é uma dentre as quatro que habitam o parque.

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HORTO FLORESTAL DE SÃO PAULO
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MACACOS DO HORTO
O primeiro macaco com a doença encontrado morto no dia 9 de outubro de 2016 no Horto Florestal,  fica na área vizinha ao Parque da Cantareira. Apesar de serem hospedeiros do vírus, os animais não são transmissores da doença para humanos. Os transmissores da febre amarela silvestre são duas espécies de mosquitos silvestres: Haemagogus E Sabethes. Desde então o estado começou a vacinar a população contra a doença, que pode ser transmitida pelo mosquito.Os parques do Horto Florestal (Parque Alberto Löfgren) e da Cantareira foram os primeiros a fechar em 20 de outubro de 2017 depois de exames comprovaram a morte de um macaco bugio por febre amarela silvestre no Horto. O Horto Florestal fica em área urbana, tem quase 200 hectares, sendo 20% deles abertos ao público há mais de trinta anos. O parque tem uma grande extensão de Mata Atlântica, com muitos animais nativos. Já o parque Ecológico do Tietê foi fechado em 10 de novembro.Promotores do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) suspeitam de falhas em licenças ambientais relacionadas a um túnel que desabou em dezembro de 2014 no Trecho Norte do Rodoanel ─ rodovia de 44 quilômetros, orçada em R$ 6,8 bilhões, que cruza áreas de preservação ambiental na Serra da Cantareira.Por meio de blogs, redes sociais e vídeos no YouTube, a população local alega que mais de 100 nascentes teriam sido soterradas durante a construção da rodovia. Entre pilares de concreto, aterros e túneis,  jornalistas do DCM  flagraram um vazamento em uma nascente desviada pela construção, além de acúmulo de sedimentos no fundo de córregos.À BBC Brasil, a Secretaria de Transportes do governo paulista negou soterramentos e reconheceu “efeitos temporários” sobre as águas, que não fazem parte do Sistema Cantareira e desembocam atualmente no rio Tietê.Imagem relacionada

“Vira esgoto e poderia ajudar no abastecimento da cidade”, reclamam moradores do Horto Florestal, bairro vizinho à construção.Responsabilidade do governo de São Paulo, a obra tem apoio financeiro do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), do governo federal.Licenciado pela companhia de saneamento estadual Cetesb e aprovado pelo Ibama, o trecho final do anel rodoviário não tem efeitos diretos sobre os reservatórios do sistema Cantareira ─ mas recebe críticas por seu impacto na bacia hidrográfica da região.

“A cada 50 metros existe uma pequena nascente ali. A obra corta, e corta muito, os mananciais da serra”, diz o ambientalista Carlos Bocuhy, membro do Conselho Nacional de Meio Ambiente, em Brasília. Com a construção do trecho norte Cantareira  a idéia é desmatar aproximadamente 100 hectares da zona de amortecimento da Serra, o que   sem dúvida altera  substancialmente a qualidade de vida dos bairros de seu entorno, aumentando a propensão das ilhas de calor na região Norte e demais regiões paulistanas que já sofrem com as mudanças climáticas e com a poluição devido à expansão descontrolada da mancha urbana.

Na fauna, foram elencados diversos animais em risco de extinção: jaguatirica, sauá, gavião pombo, maracanã-pequeno, araponga, uru e macuco. Entre as 786 espécies arbóreas, a Euplassa cantareira e só existe na serra.

A Cantareira, além de ser a maior floresta urbana do planeta, é a grande responsável pela dispersão de poluentes e regulação climática da cidade de São Paulo, além de ser o único remanescente nativo de mata atlântica na cidade de São Paulo, maior cidade da América Latina, e responsável pelo abastecimento de água de milhões de habitantes.  A rodovia, cuja previsão de entrega é em agosto de 2018, custará 163% a mais do que o planejado, tornando-se a mais cara de SP.ó os contratos com as empreiteiras, alvo de investigação do Ministério Público Federal (MPF) por suspeita de superfaturamento, tiveram reajustes de R$ 586 milhões, metade por causa da lentidão das obras, que deveriam ter sido finalizadas no ano passado e vão custar R$ 4,5 bilhões.
Já as desapropriações, apontadas pelo governo como o principal entrave para o avanço da obra por causa de disputas judiciais, custarão R$ 2,5 bilhões, mais do que o dobro do previsto. As desapropriações também são investigadas por supostos desvios. Sucessivos aumentos fizeram com que o trecho norte se tornasse o mais caro entre as quatro alças do Rodoanel. Mas será o menos usado.Segundo a Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp), o trecho que vai conectar as rodovias Fernão Dias e Presidente Dutra, deve receber uma média de 20 mil veículos por dia, 20% do fluxo do trecho oeste (95,7 mil), inaugurado em 2002. Por todo o Rodoanel serão, em média, 192,2 mil por dia - só nos 47 quilômetros das Marginais Pinheiros e Tietê, a taxa é de mais de um milhão.Com tanto dinheiro, política e poder envolvidos. Tanto envolvendo a SAMARCO como a Rodovia do Rodoanel não é de se admirar que pesquisadores e habitantes tenham sua voz margilizadas  ao indicar as razões tão óbvias que estariam por tras do surto medonho e maldito de febre amarela que tantas vidas está levando em pleno ano de 2018. A teoria dos sistemas pode ajudar na compreensão do trabalho da estudiosa da FIOCRUZ (Bióloga Márcia Chame). Tudo faz muito sentido, embora alguns tenham recebido mal o artigo da estudiosa. Quando falamos de BACIA HIDROGRÁFICA, devemos entender como sendo TODO o conjunto de afluentes de um curso maior, e as terras banhadas por todas estas águas. Geralmente possuem características semelhantes - quanto a fauna e flora - e isto explica as relações migratórias de genes de animais e de plantas. As populações de primatas silvestres costumam se relacionar, utilizando-se das APP's , das RL's e das UC's, por isso passam maior parte de suas vidas junto às áreas próximas aos cursos d'água. No caso da tragédia do Rio Doce, cujas APP's abrigavam inúmeros bandos de primatas (macaco prego, macaco bugio etc), estes animais buscaram novas áreas para alimentação e dessedentação, causando uma maior aglomeração de animais por km2. Ao buscarem por regiões mais propícias à sobrevivência, estes animais se espalharam À MONTANTE dos cursos d'água menores, aproximando-os das propriedades rurais (maior oferta de alimentos e águas mais limpas). É, PORTANTO, BASTANTE PLAUSÍVEL QUE A BIÓLOGA DA FIOCRUZ esteja no caminho certo, ou seja, O CRIME DE MARIANA É SIM UMA DAS CAUSAS DA PROLIFERAÇÃO DOS SURTOS DE FEBRE AMARELA DA REGIÃO LESTE MINEIRA.