A história de Kat
A família Schürmann perde sua filha soropositiva e dá ao mundo lições de como enfrentar o preconceito
Pequena apenas no jeito franzino
e delicado... Quem a conheceu sabe
de sua grandeza e personalidade
de atitudes firmes e decididas...
m exemplo de perseverança
e amor à vida.
e delicado... Quem a conheceu sabe
de sua grandeza e personalidade
de atitudes firmes e decididas...
m exemplo de perseverança
e amor à vida.
A pequena Kat Schürmann, a mais nova
marinheira da família Schürmann, foi embora sem dizer adeus aos pais e
irmãos que a acolheram. Durante 13 anos, ela, nascida na Nova Zelândia,
conviveu com os navegadores brasileiros que abandonaram todo o conforto
de casa, carro, trabalho e escola para realizar um sonho e uma aventura:
dar a volta ao mundo num veleiro, façanha que realizaram por duas
vezes. Heloísa e Vilfredo Schürmann adotaram a menina doente, portadora
do vírus HIV. Em uma carta comovente, com o título:
“O novo rumo da nossa pequena tripulante Kat”, o casal anunciou a morte
da pequena, que não resistiu a uma pneumonia (os trechos do comunicado estão em destaque nesta reportagem).
A nobreza dos Schürmann, que acolheram a menina com três anos sabendo
que ela era soropositiva, é um exemplo de generosidade e de uma vida sem
preconceitos. O mundo inteiro se emocionou quando soube que Kat fechou
seus olhinhos claros e apagou o sorriso de inocência infantil. Todos
torciam para que a doença não fosse adiante.
Não era a primeira vez que,
rapidamente, um pequeno resfriado transformava-se em um princípio de
pneumonia e debilitava a nossa mais jovem tripulante. Mas repentinamente
a vontade de Kat, feito uma forte rajada de vento, enchia o seu
espírito de vida e tudo não passava de um susto. Mas desta vez não
deu...
Na emocionante carta dos Schürmann, Kat
está em sua plenitude de exemplo de vida. Desde que nasceu, lutou
bravamente para viver junto à família, aos amigos e à natureza que tanto
amava. Sua mãe foi embora, seu pai partiu logo depois e ela caiu no
colo de sua verdadeira família, que lhe trouxe carinho, alegria, atenção
e conhecimento. Defensora apaixonada do meio ambiente, Kat era uma
menina curiosa, esperta e fascinada por histórias.
Teve tempo para aprender a falar com
fluência português, inglês e espanhol e tornar-se protagonista de um
projeto da família: um desenho animado em que ela viaja num veleiro
mágico com uma boneca e um golfinho. Ainda pequena, navegou 54 mil
quilômetros num evento que comemorou, em Porto Seguro, na Bahia, os 500
anos do descobrimento do Brasil. Nesta jornada, os Schürmann
reproduziram a rota da esquadra de Fernão de Magalhães e, depois,
desembarcaram na cidade baiana. A aventura foi acompanhada pela internet
por 1,5 milhão de pessoas em 44 países. Enquanto viveu no barco, Kat
estudou por correspondência seguindo o mesmo método adotado pelas
crianças que viajam o mundo nos circos. Em Ilhabela, no litoral
paulista, onde morou nos últimos anos, voltou a freqüentar a escola
regular. Estava na sexta série.
Kat sempre foi muito especial e deixou mais exemplos e ensinamentos do que muitos que viveram décadas...
Ela passou por maus momentos provocados
pela doença. Noites maldormidas, remédios, hospitais, mal-estar. Mas
sempre debateu a questão do preconceito,
a importância do amor e da família. A esperança de vida para os que passam por doenças quase sempre fatais, como a de Kat, é que novos medicamentos possam surgir e assegurar a vida por um bom tempo. Não deu para a pequena esperar.
Ela foi embora muito cedo, depois de passar por cima da discriminação que
sempre enfrentou. Deixou muita gente triste, mas, como disseram seus pais,
foi navegar num mar de paz. Kat faleceu em 29-05-2006.
No livro "Pequeno
Segredo - A lição de vida de Kat para a família Schurmann", a importância do amor e da família. A esperança de vida para os que passam por doenças quase sempre fatais, como a de Kat, é que novos medicamentos possam surgir e assegurar a vida por um bom tempo. Não deu para a pequena esperar.
Ela foi embora muito cedo, depois de passar por cima da discriminação que
sempre enfrentou. Deixou muita gente triste, mas, como disseram seus pais,
foi navegar num mar de paz. Kat faleceu em 29-05-2006.
revela-se
como a pequena Katherine, filha adotiva do casal Vilfredo e Heloisa, mudou a vida da família. A mãe reuniu os textos que escrevia como forma de terapia, para superar a morte da menina em 2006, vítima de uma pneumonia. No livro, ela aborda a decisão de adotá-la aos três anos, durante uma passagem pela Nova Zelândia. Desde o primeiro contato, a família sabia que havia algo forte que os unia, e o fato de Kat ser soropositiva desde seu nascimento não foi o suficiente para que eles desistissem de tê-la junto.
Habituados a terem suas aventuradas registradas em programas de TV e jornais, a família nunca havia tocado no assunto. Kat faleceu aos 13 anos, e não conseguiu cumprir sua vontade de revelar sua doença quando completasse 14 anos, como uma forma de ajudar as crianças que também vivem na mesma condição a não sofrerem contra o preconceito. Encorajada pelo filho David, que vai transformar a história em filme, Heloisa decidiu transformar os textos no livro.
As 320 páginas vão além da história de uma criança com HIV, mas retratam como Kat mudou a vida da família. Mesmo sendo necessário um acompanhamento médico constante e medicação específica, ela ficou 912 dias no mar, visitou dezenas de países, teve sua paixão de infância, aprendeu a falar línguas, teve uma vida o mais próxima do normal. Ela uniu ainda mais a família Schurmann