Nos últimos dias, a extrema-direita brasileira, já em franca agonia, voltou suas baterias contra o SBT e a família Abravanel. O motivo? A festa de lançamento do canal SBT Notícias, realizada em 12 de dezembro — data em que Silvio Santos completaria aniversário. O evento foi marcado por emoção e grandiosidade, incluindo até um holograma do próprio Silvio reproduzindo a célebre frase de inauguração da emissora em 1981.
A cerimônia contou com a presença de autoridades como o ministro do STF Alexandre de Moraes, o presidente Lula, a primeira-dama Janja e diversos representantes do governo. Também estiveram presentes políticos da oposição, incluindo o prefeito e o governador de São Paulo, este último aliado de Bolsonaro. Ou seja, tratou-se de uma celebração plural, que reuniu diferentes espectros políticos.
Infelizmente, toda essa beleza acabou ofuscada pela reação desmedida dos bolsonaristas nas redes sociais. Acostumados a imaginar que o SBT seria uma espécie de “Jovem Pan televisiva”, porta-voz de seus delírios ideológicos, não aceitaram que a emissora mantivesse sua tradição: Silvio Santos sempre buscou proximidade com quem estava no poder, mais por pragmatismo econômico do que por convicção política.
É absurdo esperar que o canal tivesse convidado Bolsonaro, hoje condenado e cumprindo pena. O fanatismo chegou a um ponto delirante, perigoso e intelectualmente pobre. A extrema-direita agoniza justamente por ser o que é: um movimento sem propostas, sem competência, sustentado apenas por ódio, rancor e fanatismo, amplificados pela conivência das redes sociais.
O Caso Zezé Di Camargo
Nesse contexto, o cantor Zezé Di Camargo protagonizou um episódio lamentável. Já apoiador de Lula no passado, lançou ataques virulentos contra o SBT e, em especial, contra as filhas de Silvio Santos, atuais acionistas da emissora. Em um gesto de ódio cego, acabou prejudicando ainda mais sua carreira, já fragilizada após a separação da dupla com Luciano e problemas vocais.
Paradoxalmente, suas declarações acabaram funcionando como marketing involuntário: aumentaram a audiência do SBT e deram visibilidade ao novo canal de notícias, que estreou em 15 de dezembro. Zezé chegou a exigir que a emissora não exibisse um especial de Natal que havia gravado, mas o episódio terminou em cancelamento e possível processo judicial. Seu pedido tardio de desculpas não foi aceito.
O cantor, que já declarou publicamente que “não houve ditadura no Brasil”, insiste em posar de conservador, embora sua vida pessoal desminta o discurso. Tornou-se, assim, um símbolo do ostracismo da extrema-direita, cada vez mais isolada às vésperas das eleições em que Lula lidera as pesquisas contra o filho de Bolsonaro.
O SBT e a Neutralidade
O ódio dos bolsonaristas é tão grande que sequer perceberam o conceito do novo canal: uma proposta mais neutra, aberta a diferentes vozes. Alexandre de Moraes, por exemplo, foi convidado e participou e discursou na inauguração, mas Flávio Bolsonaro também foi convidado entretanto alegou que não pode comparecer. Lula, por sua vez, relembrou em seu discurso como ajudou Silvio Santos em 2011, quando o empresário enfrentou um rombo bilionário em seu banco.
Vale recordar que a novela Amor e Revolução, produzida pelo SBT, abordou os movimentos de resistência à ditadura militar — uma iniciativa que nasceu como gesto de gratidão de Silvio a Lula.
O Retorno de Datena
Outro episódio que ilustra a mudança de ventos é o retorno de José Luiz Datena ao campo progressista. Antigo filiado ao PT, demitido da Globo em 1989 por fazer campanha para Lula, Datena agora prepara programas na TV pública e na rádio Nacional. Em entrevista recente, revelou que, quando trabalhava no SBT, foi impedido de entrevistar Lula e Haddad por ordem da diretoria, possivelmente a mando de Rinaldi Faria, filiado ao partido Podemos e apoiador de Bolsonaro.
Rinaldi, empresário ligado à Rede + Família e aos palhaços Patati e Patatá, acabou demitido recentemente por Daniela Abravanel Beyruti. Sua saída foi por vários motivos e provavelmente uma delas foi por este episódio que acabou se tornando público pelo próprio Datena. e em uma emissora que procura agora ser mais neutra , coisa que Rinaldi e Luciano bem como boa parte dos bolsonaristas não entenderam.
