Não é só ''Tentativa de Feminícidio'' como a mídia gosta de falar, mas algo mais profundo ainda:
O Brasil acompanha, estarrecido, mais um episódio de violência brutal contra a Vida do Outro e da nossa mesma. Pois casos como este acabam também em tese com a vida de quem comete o terrível crime . O aumento do suicídio mostra cada vez mais este fenômeno da banalização da vida como um todo .
Nem se usa mais a palavra suicídio. A midia e as redes socais por pura mesquinharia acreditam que se não falar em casos de SUICÍDIO ou até usar a palavra SUICÍDIO, os casos caem o que é uma tremenda de uma ideia ridícula e até criminosa. O que é tirar a vida do outro se não acabar com a própria vida??
No último sábado (29/11), Douglas Alves da Silva, de 26 anos, atropelou e arrastou sua ex-companheira, Tainara Souza Santos, de 30 anos, por mais de um quilômetro na Marginal Tietê, em São Paulo. A jovem, mãe de duas crianças, foi socorrida em estado grave e precisou ter as duas pernas amputadas.
O agressor foi localizado em um hotel, reagiu à prisão e chegou a trocar tiros com a polícia. Baleado no braço, foi encaminhado ao hospital e depois levado ao distrito policial. No momento da prisão, declarou: “Fiz nada”, negando conhecer a vítima. Em audiência de custódia realizada nesta segunda-feira (1/12), a Justiça decidiu pela manutenção da prisão.
Esse crime não pode ser visto apenas como mais um caso de feminicídio tentado. Ele expõe a degradação dos valores humanos em uma sociedade cada vez mais fútil, onde a vida própria já não é valorizada e a do outro, menos ainda. O abuso de drogas e álcool, frequentemente presente em situações como essa, agrava comportamentos violentos e irracionais.
A frase do agressor — “fiz nada” — revela não apenas a tentativa de negar responsabilidade, mas também a frieza de quem não reconhece o valor da vida que destruiu. É um retrato da indiferença que corrói as relações humanas.
Apesar da tragédia, ainda bem que Tainara sobreviveu. Agora, ela terá de ser amparada por todos — família, sociedade e Estado — para reconstruir sua vida. O apoio psicológico, médico e social será fundamental para que consiga enfrentar as consequências irreversíveis dessa violência.
A manutenção da prisão de Douglas Alves é um passo importante, mas não suficiente. É urgente que o processo avance com rigor e que a punição seja exemplar. A impunidade alimenta a repetição desses crimes e reforça a ideia de que a violência contra outra pessoa tem que ser ao máximo punida e ao mesmo tempo um estudo sério na sociedade deve ser feito para saber o que está ocorrendo com o ser humano que anda cada vez mais bestializado e vendo a vida do outro e a sua própria como algo descartável.
Os crimes bárbaros não surgem do nada: eles são sintomas de uma sociedade marcada por desigualdade, autoritarismo e crises recorrentes. O aumento em determinadas épocas reflete a soma de fatores estruturais (como pobreza e exclusão) e conjunturais (como crises e consumo de drogas). A resposta passa por políticas públicas eficazes, combate à desigualdade e fortalecimento de valores que resgatem o respeito à vida.
E que só tem uma cada um. Nenhuma outra!