Pular para o conteúdo principal

Casos de 92 e 99 mostram que a causa da contaminação por Metanol é a GANÂNCIA

  Contaminação por Metanol no Brasil 


 


A contaminação de bebidas alcoólicas com metanol, um álcool altamente tóxico, tem sido uma fonte persistente de tragédias no Brasil, resultando em mortes e sequelas irreversíveis. Diferente do etanol (álcool etílico), que é o componente principal das bebidas alcoólicas consumíveis, o metanol é uma substância perigosa que, quando ingerida, pode causar danos severos ao organismo. Este artigo examina os principais surtos de contaminação por metanol ocorridos no país em 1992 e 1999, e os recentes eventos de 2025, buscando identificar os padrões recorrentes, os responsáveis e as motivações por trás dessas crises de saúde pública.



Histórico de Tragédias: Casos Emblemáticos


O Surtos de 1992: O "Bombeirinho" em São Paulo


Em dezembro de 1992, o estado de São Paulo foi abalado por um dos mais notórios episódios de intoxicação por metanol. Quatro indivíduos perderam a vida e aproximadamente 160 pessoas foram hospitalizadas com sintomas graves após consumirem uma bebida conhecida como "bombeirinho" em uma danceteria na cidade de Diadema. A análise laboratorial, conduzida pelo Instituto Adolfo Lutz, confirmou que a bebida, uma mistura de vodca (ou pinga) com groselha, havia sido adulterada com metanol .


Os sintomas iniciais, como dores de cabeça intensas, náuseas e problemas de visão, rapidamente progrediram para quadros mais graves. Este incidente não apenas revelou a vulnerabilidade dos consumidores a produtos clandestinos, mas também expôs sérias deficiências na fiscalização de bebidas alcoólicas no país .


A Crise de 1999: Cachaça Adulterada na Bahia


Sete anos após o incidente em São Paulo, a Bahia enfrentou uma tragédia similar em 1999. Um surto de intoxicação por metanol resultou na morte de 35 pessoas em dez municípios baianos. Os óbitos foram diretamente relacionados à ingestão de cachaça artesanal que havia sido contaminada. Embora algumas fontes iniciais pudessem ter sugerido contaminação por etanol , investigações e relatórios subsequentes confirmaram que a substância tóxica envolvida era, de fato, o metanol (álcool metílico) .


Este evento, que afetou cerca de 450 pessoas, sublinhou a urgência de um controle mais rigoroso sobre a produção e comercialização de bebidas alcoólicas, especialmente as de fabricação artesanal, que muitas vezes escapam à fiscalização adequada .


A Recorrência em 2025: São Paulo Novamente


Em 2025, a história se repetiu em São Paulo, com novos casos de contaminação por metanol. Três pessoas morreram após consumir bebidas adulteradas, e suas intoxicações foram confirmadas pelo Centro de Vigilância Sanitária. Além das fatalidades, outros casos graves estão sob investigação, incluindo um jovem que entrou em coma e uma designer de interiores que sofreu perda de visão após a ingestão de caipirinhas contaminadas .


Até o momento, 14 casos suspeitos de intoxicação por metanol foram registrados na capital paulista, com cinco pacientes ainda hospitalizados. As autoridades de saúde, incluindo o Ciatox (Centro de Informação e Assistência Toxicológica), alertam para a possibilidade de subnotificação e enfatizam a necessidade de buscar atendimento médico imediato ao surgimento de sintomas como dor de cabeça, visão turva e náuseas, que são indicativos de intoxicação por metanol .



Segundo o governo de SP, agora o foco das investigações é o do combate as fábricas clandestinas de bebidas adulteradas. A Secretaria da Segurança Pública (SSP) descarta, por ora, o envolvimento do Primeiro Comando da Capital (PCC), já que a estrutura de fabricação encontrada condiz outra coisa.


A suspeita é que as práticas sejam realizadas por quadrilhas independentes, uma vez que nunca havia registro de uso de metanol na adulteração. Entre as linhas de investigação estão a hipótese de contaminação indireta, acidente no processo ou até o uso da substância para lavagem de garrafas reaproveitadas.


Já nesta terça-feira (30/9), 112 garrafas de vodca foram apreendidas em diferentes pontos da capital paulista, incluindo 17 na Mooca. Agora, a investigação visa rastrear a origem das distribuidoras e os fluxos de pagamento. Os donos de estabelecimentos já prestaram esclarecimentos, e as operações avançam sobre a cadeia de distribuição a partir das vítimas identificadas.




Padrões, Responsáveis e Motivações por Trás das Contaminações


A análise dos casos de contaminação por metanol no Brasil revela padrões consistentes e preocupantes:


Adulteração Clandestina: A causa primária é a adulteração intencional de bebidas alcoólicas, frequentemente produzidas e distribuídas de forma clandestina, com metanol. Esta substância é quimicamente similar ao etanol, mas possui um custo de produção significativamente menor, tornando-a atrativa para a fraude.


Vulnerabilidade Social: As vítimas são, em sua maioria, consumidores de bebidas de baixo custo, adquiridas em locais sem fiscalização adequada, como bares informais, adegas clandestinas ou diretamente de produtores ilegais. A falta de acesso a produtos seguros e a busca por preços mais baixos expõem essa parcela da população a riscos maiores.


Consequências Devastadoras: A ingestão de metanol, mesmo em pequenas quantidades (tão pouco quanto 10 ml podem causar cegueira e 30 ml podem ser fatais), leva a sintomas graves como dor abdominal, náuseas, vômitos, tontura, convulsões, dificuldade respiratória, coma, cegueira permanente e insuficiência renal aguda [2].


Reincidência e Impunidade: A recorrência desses incidentes ao longo de décadas (1992, 1999, 2025) sugere que as estratégias de prevenção e as ações punitivas não têm sido suficientes para erradicar essa prática criminosa. A impunidade percebida pode encorajar a continuidade da adulteração.


A Motivação: Lucro Acima da Vida


A motivação central para a adulteração de bebidas com metanol é invariavelmente econômica. O metanol é uma alternativa muito mais barata ao etanol, e sua utilização permite que produtores e comerciantes inescrupulosos aumentem significativamente suas margens de lucro. Ao substituir total ou parcialmente o etanol pelo metanol, esses criminosos ignoram completamente os riscos mortais e as consequências devastadoras para a saúde dos consumidores.


Os responsáveis por essas contaminações são indivíduos ou redes envolvidas na fabricação e distribuição de bebidas alcoólicas ilegais. Em casos como o da Bahia em 1999, até mesmo figuras públicas, como um vereador, foram implicadas e presas por fabricar a cachaça adulterada . A fragilidade da fiscalização, aliada à busca desenfreada por lucro, cria um ambiente propício para a proliferação dessas práticas criminosas.


Conclusão


Os repetidos surtos de contaminação por metanol no Brasil, desde o "bombeirinho" de 1992 até os eventos de 2025, configuram um grave e persistente problema de saúde pública. Essas tragédias são um lembrete sombrio de que a busca por lucro fácil, através da adulteração de bebidas, continua a ceifar vidas e a causar sofrimento. É imperativo que as autoridades brasileiras intensifiquem as ações de fiscalização, imponham punições severas aos responsáveis e promovam campanhas educativas eficazes para alertar a população sobre os perigos do consumo de bebidas alcoólicas de origem duvidosa. Somente com um esforço conjunto e contínuo será possível proteger a sociedade dessa ameaça recorrente.


Referências


[1] Agência Brasil. (2025, 29 de setembro). SP já teve outros casos de bebidas contaminadas com metanol; relembre. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2025-09/sp-ja-teve-outros-casos-de-bebidas-contaminadas-com-metanol-relembre


[2] UOL Notícias. (2025, 30 de setembro). O que foi o caso do bombeirinho, que matou pessoas por metanol em SP. Disponível em: https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2025/09/30/o-que-foi-o-caso-do-bombeirinho-que-matou-4-pessoas-por-metanol-em-sp.htm


[3] O Globo. (2025, 30 de setembro). Intoxicação por metanol: ao menos 12,6 mil pessoas morreram no mundo em 20 anos, mostra levantamento. Disponível em: https://oglobo.globo.com/saude/noticia/2025/09/30/intoxicacao-por-metanol-ao-menos-126-mil-pessoas-morreram-no-mundo-em-20-anos-mostra-levantamento.ghtml


[4] Folha de S.Paulo. (1999, 12 de março). Mortes na BA foram causadas por metanol. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff12039945.htm


[5] ConJur. (1999, 11 de março). Aguardente que matou 35 pessoas continha metanol. Disponível em: https://www.conjur.com.br/1999-mar-11/aguardente_matou_35_pessoas_continha_metanol/


[6] Folha de S.Paulo. (1999, 08 de maio). Vereador é preso por metanol. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff08059928.htm

Metrópoles. (2025,30 de setembro).  Intoxicação por metanol: polícia identifica distribuidoras suspeitas. Disponível em:   Intoxicação por metanol: polícia identifica distribuidoras suspeitas

Material co-produzido com ajuda das IAs da Manus e da Microsoft