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O Mundo Caminha Para a ''Terra Prometida'' e Arrasada

 A entrada oficial dos Estados Unidos na guerra entre Israel e Irã, com ataques coordenados a instalações nucleares iranianas, marca um dos momentos mais tensos da geopolítica mundial desde a Segunda Guerra Mundial . O presidente Donald Trump justificou os bombardeios como uma medida para garantir a paz, mas a retórica contraditória — atacar com força e depois clamar por diplomacia — revela uma estratégia que muitos analistas consideram irresponsável e incendiária.


Israel, por sua vez, já vinha conduzindo ataques contra o Irã com o objetivo declarado de eliminar sua capacidade nuclear e enfraquecer o regime teocrático de Teerã. O Irã, em resposta, lançou mísseis contra cidades israelenses e prometeu retaliações contra alvos americanos na região . A escalada é clara, e o envolvimento de potências nucleares torna o cenário ainda mais alarmante.


O Brasil, entre outras nações, condenou veementemente os ataques, apontando violações ao direito internacional e alertando para os riscos de contaminação radioativa e desastre humanitário. A ONU também expressou profunda preocupação com o uso da força e pediu contenção.

O galinheiro :  A precisão dos ataques dos EUA à principal instalação nuclear do Irã em Isfahan mostra como os EUA  vigiam o mundo com total precisão em muito graças a NSA e a Agência Espacial Secreta dos EUA , a   National Reconnaissance Office, o centro cerebral da rede de satélites espiões do país.


Mas talvez o aspecto mais inquietante dessa crise seja o pano de fundo ideológico e religioso que a sustenta. A disputa por territórios sagrados e a crença em uma “terra prometida” são elementos centrais nas três grandes religiões abraâmicas — judaísmo, cristianismo e islamismo. Essa convicção, quando instrumentalizada por governos e líderes extremistas, transforma-se em combustível para guerras que se arrastam por séculos.


A promessa de uma terra divina, interpretada de formas distintas por cada fé, tem sido usada para justificar ocupações, expulsões e massacres. Quando essa fé se alia ao poder militar e à tecnologia nuclear, o resultado é um barril de pólvora global. A guerra na Ucrânia, os conflitos no Iêmen, na Síria e agora essa nova frente no Oriente Médio são, para muitos, capítulos de uma Terceira Guerra Mundial não declarada — uma guerra fragmentada, mas interligada por interesses geopolíticos, religiosos e econômicos.

 A Instalação Nuclear de Isfahan antes do ataque dos EUA 



Poucos se lembram, mas Israel e Irã já foram aliados — ainda que por mera conveniência estratégica. Durante o governo do xá Mohammad Reza Pahlavi, o Irã foi um dos primeiros países do Oriente Médio a reconhecer o Estado de Israel em 1948. A relação incluía acordos comerciais, fornecimento de petróleo e até cooperação militar. No entanto, esse roteiro foi brutalmente reescrito com a Revolução Islâmica de 1979. A queda do xá e a ascensão do aiatolá Ruhollah Khomeini ao poder transformaram a antiga aliança em uma inimizade existencial. Israel passou a ser chamado de “Pequeno Satã”, enquanto os Estados Unidos foram elevados à categoria de “Grande Satã” .


Desde então, o Irã adotou uma postura abertamente hostil a Israel, apoiando grupos como o Hezbollah e o Hamas. Por outro lado, os abusos contínuos de Israel contra o povo palestino, somados à recusa em reconhecer o Estado Palestino, têm gerado crescente repulsa internacional. Essa percepção negativa é especialmente sensível para o povo judeu, que carrega o peso histórico de perseguições e genocídios. A ironia trágica é que, ao se tornar símbolo de opressão, Israel arrisca perder a empatia que outrora unia o mundo em torno da memória do Holocausto.

 A Instalação Nuclear de Isfahan depois  do ataque dos EUA 


O Irã, por sua vez, apesar de seu regime teocrático e conservador, recebe apoio de parte significativa da esquerda global e de movimentos progressistas. Isso se deve, em grande parte, à sua retórica anti-imperialista e ao apoio declarado à causa palestina. Muitos veem no Irã um contraponto ao domínio geopolítico dos EUA, mesmo que isso signifique tolerar um regime que restringe liberdades civis e direitos humanitários. Já o antigo governo do xá Pahlavi, embora modernizador, era amplamente visto como um fantoche de Washington — uma monarquia autoritária sustentada por interesses ocidentais e marcada por desigualdades gritantes .



Na Casa Branca, o pato Donald celebrou o que chamou de ''sucesso militar espetacular" após o ataque ao galinheiro dos ovos de ouro




O mundo assiste, mais uma vez, à repetição de um ciclo trágico: líderes que falam em paz enquanto apertam botões de guerra. E enquanto isso, populações civis pagam o preço com sangue, medo e deslocamento.


Se ainda há tempo para evitar o pior, ele está se esgotando. A diplomacia precisa deixar de ser um discurso e voltar a ser uma prática. E talvez, mais do que nunca, seja hora de questionar se a fé deve continuar sendo usada como justificativa para a destruição.

Imagens: Daily Mail

*Conteúdo co-produzido com ajuda da IA da Microsoft