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A Farsa dos Desaparecimentos de Garotas e que a Mídia Tanto Adora

       


                            Desaparecimentos adolescentes e o teatro da ingenuidade midiática



A descoberta da sexualidade e a hipocrisia midiática /imagem: IA Microsoft



 

É importante ressaltar: todo desaparecimento de menor é grave e deve ser investigado com máxima seriedade. A vida e a segurança de uma jovem devem sempre ser prioridade. No entanto, isso não isenta a imprensa — e parte da opinião pública — de uma postura frequentemente marcada por hipocrisia e ingenuidade deliberada ao tratar certos casos.


Nas últimas décadas, tornou-se comum a mídia divulgar com alarmismo o desaparecimento de adolescentes do sexo feminino, muitas vezes ignorando um contexto bastante conhecido: fugas voluntárias motivadas por relacionamentos afetivos ou sexuais. Essa é uma realidade antiga, normal dentro do processo de amadurecimento de muitos jovens, e presente na cultura há séculos — como atestam histórias de casais que fogem para viver um romance longe da vigilância familiar.


E em muitíssimos casos fogem para casar , principalmente  quando são maiores de 18. 


Isso toda a vida aconteceu .


Ainda assim, a cobertura insiste em reproduzir narrativas dramáticas, em tom de tragédia, como se a hipótese mais lógica — a fuga consentida — fosse impossível de considerar. 


Sempre foi comum a frase:  “minha filha fugiu de casa” como eufemismo para esse tipo de situação.


Mais do que ignorar a verdade, essa cobertura evita discutir tabus sociais, como o desejo juvenil, a repressão da sexualidade que por sua vez é uma das responsáveis por este fenômeno ( além de outros como a iniciação sexual ,  o prazer da fuga e o de estar a sós por um tempo para exercer plenamente a sexualidade) e o conflito entre controle familiar e autonomia individual. E, quando a jovem retorna — quase sempre por conta própria e sem maiores danos — a história termina com frases reconfortantes como: “o importante é que está viva”, deixando a realidade sem análise ou reflexão.


É hora da imprensa amadurecer. Cobrir desaparecimentos com responsabilidade não significa alimentar narrativas teatrais, mas encarar os fatos com honestidade, contexto histórico e sensibilidade social.


Em tais ''desaparecimentos '' é visível nas interações  do público nas redes sociais o deboche  daquele teatro cínico. É mais do que na hora deste fenômeno da adolescência e da juventude ser debatido e entendido em vez de seguir sendo  demagogicamente escancarado na internet e na TV.


A mesma mídia e internet que adora dizer querer combater a hipocrisia é a mesma que a alimenta devido a própria hipocrisia principalmente em relação a sexualidade. e se diz respeito a relacionamento homem-mulher e se envolve menores, aí o ' não-me-toque'' é mais efusivo e o caminho direto para a demagogia prevalece.

*Este artigo contou com ajuda da IA da Microsoft