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Vazio KBC: Podemos estar dentro de um buraco imenso no espaço e longe de tudo

  Vivemos na  Via Láctea,   apenas uma entre bilhões de galáxias em nosso universo observável.  Assim,  não somos tão especiais . Mas se formos olhar nossa vizinhança cósmica local  as coisas começam a ficar mais estranhas e diferentes.


 Acontece que  observações  recentes sugerem que vivemos  quase no centro de um vazio cósmico gigante  e o maior já observado. Essa teoria foi proposta pela primeira vez em 2013 e desde então as evidências de sua existência vêm se acumulando  cada vez  mais.


 E a coisa não para por aí, este vazio gigante não deveria existir pois se realmente existir  ,  significa que algo provavelmente está errado com nossa compreensão do cosmos.

A nossa galáxia ficaria bem perto do centro do vazio KBC


 

De acordo com o chamado Princípio cosmológico, a matéria no universo deveria ser uniformemente distribuída em escalas muito grandes.


 Pois sendo uniforme, os cientistas podem aplicar as mesmas leis da física a objetos próximos que os objetos nas margens do universo primitivo.   Tudo operando sob as mesmas leis universais.


 E o próprio Princípio cosmológico   sugere que vazios - como o que podemos não estar vivendo - não deveriam existir.


 Porém as observações da   última década sugerem que a matéria no universo pode se aglomerar em regiões de alta e baixa densidade, o que significa que pode não ser tão uniforme na verdade!

 

Mapa que mostra o nosso Universo próximo

"Agora está bem claro que estamos em uma subdensidade significativa", diz Indranil Banik, pesquisador de pós-doutorado da Universidade de St. Andrews .


"Há algumas pessoas que ainda se opõem a isso até certo ponto. Por exemplo, algumas pessoas argumentaram corretamente que tal vazio não deveria existir no modelo padrão, o que é verdade. Isso, infelizmente, não prova que não está lá", acrescentou.


 Ele é coautor de um artigo publicado no final do ano passado na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society que sugere que podemos  estar vivendo perto do centro desse vazio  agora chamado chamado de vazio KBC  e que ele tem cerca de 2 bilhões de anos-luz de largura. Largo o suficiente para caber 20.000 galáxias iguais e juntos a nossa  Via Láctea em uma fileira que se estende de uma ponta à outra.

 


 O Dark Energy Spectroscopic Instrument fez o maior mapa 3D do nosso universo até hoje e esta faixa do cosmos mostra suas regiões de mais alta e baixa densidades. 



No passado observações do Telescópio Hubble entraram em conflito com as previsões cosmológicas padrão sobre a expansão do universo. E o tal vazio   KBC poderia explicar agora o porquê.  


E a bizarrice só aumenta , pois o   vazio do KBC não está totalmente vazio.  Até porque seriam cerca de 20.000 de galáxias estão lá . Mas, se os cálculos de Banik e seus colegas estiverem corretos, o vazio seria cerca de 20% mais vazio do que o próprio espaço fora de sua fronteira.


Isso pode não parecer um grande déficit, mas é o suficiente para causar algum comportamento confuso em nossa vizinhança cósmica local, de acordo com o estudo recente.


 As estrelas e as galáxias próximas estão se afastando de nós mais rápido do que deveriam se afastar.  Segundo o Constante de Hubble,  usada para ajudar a descrever a rapidez com que a expansão do universo está se acelerando., ela, a própria Constante deveria ter o mesmo valor para onde quer que você olhassemos no Universo , mas o que de fato ocorre é que as galáxias e estrelas em nossa vizinhança   parecem estar se afastando de nós mais rápido do que a constante de Hubble prevê .

  


 

Os astrônomos não conseguem concordar sobre o que está causando essa discrepância na constante de Hubble, e a contenção agora ficou conhecida como tensão de Hubble.


Banik e seus colegas sugerem que o vazio acaba surgindo pois  regiões de alta densidade com gravidade mais forte fora do vazio podem estar puxando galáxias e estrelas em sua direção.


Banik  acredita que esses fluxos poderiam explicar por que os cosmólogos calcularam um valor mais alto para a constante de Hubble ao olhar para objetos próximos. As coisas se movem mais rápido no vazio, voando para fora de nossa região vazia em direção ao espaço sideral lotado.


 

O vazio KBC não é a única solução possível para a tensão de Hubble. Alguns cientistas estão descascando camadas do cosmos para procurar energia escura inicial.  


Se o vazio existe, como sugerem as evidências, isso pode significar que precisamos revisar algumas das leis físicas que usamos para descrever o cosmos. Afinal, a teoria de Banik explicaria por que a constante de Hubble é maior em nossa região cósmica local.


"A hipótese de que um vazio local poderia explicar a tensão de Hubble induzindo fluxos significativos parece sólida em princípio, especialmente considerando os dados observacionais de apoio citados no estudo", disse Brian Keating, cosmólogo e professor de física da Universidade da Califórnia em San Diego, que estuda a constante de Hubble.


 E  até onde se estenderia a influência do vazio?


"Se o vazio local não é representativo do cosmos mais amplo, isso pode fornecer apenas uma solução local, não global – isso não 'resolveria' a tensão de Hubble",  acrescenta Keating.


 E ele ainda lembra  que a teoria de Banik tem certas limitações,  e os resultados do estudo dependeram do tipo de modelo vazio usado. Diferentes modelos produzem diferentes previsões sobre os efeitos do vazio e o "fluxo em massa", ou a velocidade média das galáxias à medida que se movem pelo cosmos.  

  

 Desta maneira, o tal vazio pode oferecer uma solução, mas "ainda não é uma 'prova' definitiva da resolução da tensão",  acredita Keating. 

E assim, quem sabe, se estamos vivendo com tantas outras galáxias  dentro deste vazio,  possíveis visitas de outras civilizações podem ser mais comuns de civilizações que vivem assim como a gente , nas galáxias de dentro deste vazio que nos ilha do resto.


Fonte: Business Insider