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Voo Varig 797. Fogo a bordo e 50 mortos

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FOTO REAL DO AVIÃO ACIDENTADO
3 de janeiro de 1987: Auge dos anos 80. A Varig ainda era a toda poderosa cia aérea brasileira e preparava-se para aposentar  seu Boeing 707-379C, de prefixo PP-VJK e equipado com quatro motores Pratt & Witney JT3D-3B, em operação desde o ano de 1968 e da primeira geração da aviação a jato.e não contava com   praticamente nenhum sistema computadorizado, exigindo a máxima atenção dos pilotos. Nesse dia era feito o último voo do avião.Mas esse último voo acabou sendo também o último por motivos terríveis. Naquela  madrugada, o avião decolou do aeroporto Port Bouet  capital da Costa do Marfim. com destino ao Rio de Janeiro . Era uma madrugada quente e estrelada .A noite era escura e dua Após a decolagem rumo ao Rio,cerca de 20 minutos após a decolagem,a cerca de 200 km de Abidjan, soou o alarme de fogo no motor nº 1. Um dia antes, o mesmo alarme havia soado e a equipe de mecânicos da Air Afrique ,companhia que fazia manutenção para a Varig , havia constatado que se tratava de um alarme falso. Mesmo assim, o comandante, Júlio César Carneiro Corrêa, decide retornar a Abidjan. O engenheiro de voo, Eugênio Cardoso,percebe então que a temperatura do combustível no motor está muito alta e, em seguida, o comandante  decide desligar por precaução.Então, o engenheiro de voo constata que há um vazamento de combustível, mas a tripulação não toca no assunto por minutos. Analistas acreditam que esse fato pode indicar que houve um erro de leitura por parte de Cardoso ou até mesmo a falsa indicação de um instrumento. Então, nos minutos seguintes, vários
procedimentos de cheque são executados em rápida sucessão.Logo depois, um comissário de bordo entra correndo na cabine e diz que está reclamando dos ruídos sob a poltrona dele .Este mesmo comissário já havia entrado minutos antes relatando que um dos passageiros estava se queixando da tripulação o que irritou o piloto dizendo que agora iriam começar as reclamações.Dessa vez, o comissário disse: ''Comandante, um passageiro na primeira classe está reclamando de um ruído sob a poltrona.

Os três pilotos d imediatamente reagem, irritados contra a reclamação. Entre outras frases, uma se destaca: “Vai ver que é a perna dele tremendo” , diz um dos tripulantes técnicos. Minutos depois, o co-piloto Figueiredo faz um comentário  peculiar e   profético.''- F/O Figueiredo: Estamos levando um defunto ilustre. E tá podre…
Cap. Carneiro: O quê?
F/O Figueiredo: É, estamos levando um defunto ilustre e tá podre. Mas aguenta até o Rio…

O comentário de Figueiredo  era  uma referência ao fato do PP-VJK já estar “morto” para a Varig,   com sua carreira encerrada. Os pilotos sabiam que aquele era o último vôo programado para o 707 na Varig e que a aeronave já havia sido vendida à FAB. O comissário faz aindamais um comentário:

Cmro.: Um passageiro diz que viu uma labareda…
Cap. Carneiro: Mas como? Tem fogo lá?
F/E Cardoso: Não.
Cap. Carneiro: Mas o motor tá apagado, né?
F/E Cardoso: É, olha aí, tá apagadão.''  Minutos depois, a tripulação relaxa um pouco. Conversam sobre a mudança de planos, sobre o fato que demorarão mais a voltar ao Rio. Comentam que têm saudade de alguns restaurantes do Rio e fazem planos de sair para comer quando chegarem ao Brasil. Minutos depois, as luzes da Cidade de
Abidjan começam a ser vistas desde a aeronave.

Cap. Carneiro: Olha aí Abidjan. Está claro. ''Minutos depois, o avião já sobrevoa Abidjan. A torre do aeroporto após as informações do piloto oferece a pista 03 para pousar o avião, mas o comandante decide pousar na pista 21, que, apesar de exigir uma manobra maior para o pouso, possui instrumentos de aproximação. Ele decidiu voar sem flaps e sem baixar os trens de pouso, provavelmente devido à diferença de potência entre os dois lados causada pelo desligamento do motor nº 1. Com os flaps recolhidos, o avião precisa permanecer em maior velocidade para que não haja estol. que é a perda de sustentação por não haver sucção em cima das asas e pressão embaixo delas.  O Boeing iniciou a curva-base, última antes de entrar na reta final para o pouso.Daí então, o alarme de estol soa na cabine, devido ao fato do avião fazer uma curva para a esquerda para que possa pousar na cabeceira 21 do aeroporto. A aeronave inclina rapidamente para a esquerda e, após se curvar mais de 90 graus, voando a cerca de 400 km/h, o pior acontece! O avião cai e explode numa área de mata fechada, cerca de apenas 18 km a nordeste de Abidjan. Os ultimos seis segundos foam assim:  Ocorreram mais uma aceleração dos motores, ao mesmo tempo que o comandante exclamou, num tom exaltado,  assustado com a situação:

Cap. Carneiro: O que está acontecendo aí?

Impotente diante do inesperado, amarrado à sua cadeira postada imediatemente atrás dos dois pilotos, o engenheiro Cardoso respondeu rispidamente:

F/E Cardoso: Nada, porra!

O co-piloto Figueiredo, acompanhando a operação através da leitura dos instrumentos, num tom de pânico, ainda tentou alertar o comandante Carneiro, mas já era tarde demais para ele e para os ocupantes do PP-VJK:

F/O Figueiredo: Olha a altura! Olha a velocidade!

Nesse instante, o Boeing virou de dorso, de barriga para cima. O solo agora aproximava-se velozmente: o nariz do Boeing afundava na direção da floresta. Carneiro, ainda incrédulo com o que acontecia ao Varig 797, gritou, num misto de surpresa e pavor:

Cap. Carneiro: O meu horizonte (artificial) pifou!

Infelizmente o horizonte artificial não havia falhado. Ele  fazia a  tradução de   a atitude anormal do Boeing, que já havia girado além dos 90º em relação ao solo. E a situação indicava também um fenômeno conhecido como “desorientação espacial” que ocorre quando o piloto não mais sabe em que atitude a aeronave está.  Carneiro estava perdido enquanto o Boeing que pilotava entrava num mergulho, invertido, rumando direto ao solo a quase 400 km/h.

A última frase dita por um dos tripulantes do voo 797 foi um curto comentário do co-piloto Figueiredo, expressada num tom de voz mais para o resignado do que para o apavorado. Ele disse, simplesmente:

F/O Figueiredo: Vai bater.

No segundo seguinte, o Boeing 707 chocou-se contra as grossas árvores da floresta equatorial, desintegrando-se instantaneamente. Os tanques de combustível, ainda cheios, romperam-se imediatamente e uma grande explosão iluminou o céu estrelado da floresta.
Professor Neuba Yessoh; único sobrevivente 
Apenas um passageiro sobrevive  ao  acidente, o professor Neuba Yessoh, da Universidade da Costa do Marfim, que escapa com queimaduras em menos de 20% do corpo. Segundo o professor, muitas outras pessoas sobreviveram ao impacto, mas  acabaram  morrendo  queimadas no local.  Ele ainda conseguiu arrastar outro passageiro para longe dos destroços, o   britânico Ahmad Wansa.  Porém, gravemente ferido, acabou morrendo 3 dias depois a bordo de um avião quando se dirigia a Paris para tratamento.  Yessoh morreu em 4 de março de 2015 aos 72 anos vítima de um ataque cardíaco,28 anos após o desastre. O laudo final apontou como causa do acidente,  Falha em um dos motores durante a decolagem.O primeiro voo do avião havia ocorrido em 1968. E naquele 3 de janeiro de 1987 seria o último voo para ser substituído por outro avião. Substituição esta que teve que haver também por um trágico fim. A FAB, Força Aérea Brasileira,  iria utilizá-lo em missões de transporte, com a matrícula FAB 2400. Das 51 pessoas a bordo, todos os 12 tripulantes faleceram e 38 passageiros morreram com excessão do  professor Neuba Yessoh .Durante seus últimos 15 anos de vida, ele sofreu os efeitos posteriores dessa queda de avião (pressão alta, problemas nos pulmões, etc.).