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Misandria: O ódio contra homens também é crime

A misandria é o discurso de ódio contra os homens. Algo que existe desde os primórdios do feminismo, ainda no fim do século XIX, mas que recentemente tem se tornado política defendida por algumas feministas mais radicais.

Um dos primeiros a notar a prevalência do discurso misândrico no ideário feminista foi o educador norte-americano Warren Farrell, que ganhou notoriedade nos anos 1970 como ativista da chamada “segunda onda feminista” para, logo depois, defender o “orgulho masculino”.

Em Por que os Homens São Como São (Editora Rosa dos Tempos), Farrell questiona a ideia de que homens são privilegiados nas sociedades patriarcais, ressaltando que no mundo todo homens têm expectativas de vida menores do que as mulheres e também estão mais sujeitos à depressão e sobretudo ao suicídio.

A ideia é reforçada no livro I Don’t Want to Talk About It: Overcoming the Secret Legacy of Male Depression, do psicólogo Terrence Real. Para ele, diante das pressões de um mundo cada vez mais hostil à masculinidade, “homens e meninos recebem privilégios (...) mas somente se ignorarem sua vulnerabilidade”.

Homens: seres inferiores
Em Sanctifying Misandry: Goddess Ideology and the Fall of Man [Santificando a misandria: a ideologia da deusa e a queda do homem], os professores Paul Nathanson e Katherine K. Young ressaltam a diferença entre o feminismo igualitário e o feminismo ideológico, que teria criado, nas últimas décadas, uma cultura de aversão aos homens e ao universo masculino.

Para os autores, a própria ideia de que crimes cometidos contra mulheres são mais graves do que os crimes contra os homens, isto é, a criação do feminicídio, é expressão da misandria, que usa a ideia marxista do patriarcado opressor para transformar homens em “cidadãos de segunda classe”.

Em Spreading Misandry: The Teaching of Contempt for Men in Popular Culture [Espalhando misandria: o ensino do desprezo aos homens na cultura popular], os professores citam como exemplo os muitos cursos “sobre gênero” existentes nas universidades norte-americanas, todos voltados para as mulheres e dedicados a mostrar os homens como “os responsáveis por todo o mal, incluindo os perpetrados pelas mulheres que eles enganaram ou intimidaram”, que “as mulheres são as vítimas oficiais da sociedade e responsáveis por todo o bem” e que “homens devem ser punidos, mesmo que individualmente inocentes, pela culpa coletiva dos homens ao longo da história”.

Um dos exemplos mencionados pelos professores no livro é o de Valerie Solanas, feminista radical que acreditava que os homens eram biologicamente inferiores às mulheres. No filme Um Tiro para Andy Warhol (1996), ela é glorificada por sua defesa da violência como uma forma de luta feminista legítima. Sonalas atirou de fato em Warhol, supostamente porque ele se recusou a produzir um roteiro que ela tinha escrito.

Algumas feministas foram além, defendendo o extermínio dos homens – o chamado “generocídio”. A filósofa Mary Daly, por exemplo, não acreditava que a igualdade entre homens e mulheres fosse possível, porque, para ela, as mulheres eram moralmente superiores aos homens. Defensora do determinismo biológico aplicado ao feminismo, Daly caiu em desgraça por se recusar a permitir que homens frequentassem suas aulas sobre “estudos femininos”.

Crime de ódio
No Reino Unido, a misandria já é uma preocupação governamental. A Inglaterra e o País de Gales têm propostas para tornar manifestações contra homens crimes de ódio semelhantes ao racismo. A proposta, contudo, enfrenta resistência. A deputada trabalhista Stella Creasy, por exemplo, defende a criminalização da misoginia (ódio contra as mulheres), mas não da misandria.Como qualquer crime de preconceito, a misandria também é punívelA Lei 11.340/06, conhecida como Lei Maria da Penha, pode ser aplicada por analogia para proteger os homens. O entendimento inovador é do juiz Mário Roberto Kono de Oliveira, do Juizado Especial Criminal Unificado de Cuiabá. Ele acatou os pedidos do autor da ação, que disse estar sofrendo agressões físicas, psicológicas e financeiras por parte da sua ex-mulher.

A lei foi criada para trazer segurança à mulher vítima de violência doméstica e familiar. No entanto, de acordo com o juiz, o homem não deve se envergonhar em buscar socorro junto ao Poder Judiciário para fazer cessar as agressões da qual vem sendo vítima. “É sim, ato de sensatez, já que não procura o homem se utilizar de atos também violentos como demonstração de força ou de vingança. E compete à Justiça fazer o seu papel e não medir esforços em busca de uma solução de conflitos, em busca de uma paz social”, ressaltou.

De acordo com o juiz, há provas mais do que suficientes para demonstrar a necessidade de se dar as medidas protetivas de urgência solicitadas pelo autor. Com roteiro da Gazeta do Povo e JusBrasil