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Conheça os MACACOS que USAM FERRAMENTAS na SERRA DA CAPIVARA e que desafiam a Explicação Científica Tradicional

SERRA DA CAPIVARA, PIAUÍ. O  jornalista da BAND Gilberto Smaniotto fez uma série de materias do local. Nestas fotos , a Formação, conhecida, como Pedra Furada e os incríveis macacos pregos  que usam ferramentas como seus ancestrais humanos,  O que põe em cheque a Teoria sobre ferramentas da Idade da Pedra. A OBSERVAÇÃO FOI FEITA HA POUCO TEMPO onde se viu eles    quebrando pedras e produzindo, inadvertidamente, lascas com características semelhantes às das ferramentas utilizadas por hominídeos da Idade da Pedra.

A descoberta foi feita no Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí, por um grupo internacional de cientistas, com participação brasileira, e publicada   na revista Nature ano passado. Fazem isso   há mais de 700 anos. As lascas produzidas pelo macaco-prego, no entanto, têm as mesmas características das ferramentas que os hominídeos usavam para cortar e raspar objetos. A única diferença, segundo os autores, é que os macacos não as produzem intencionalmente: eles parecem quebrar as pedras por alguma outra razão e não se interessam pelas lascas.

O comportamento dos macacos foi observado e filmado: eles escolhem uma pedra e a martelam vigorosamente, repetidas vezes, contra uma rocha maior. As pedras menores eventualmente são fraturadas e, de tempos em tempos, os animais lambem o local martelado na pedra maior.

De acordo com um dos autores do artigo, o primatólogo Eduardo Ottoni, do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP), ainda não se sabe qual é a intenção do macaco-prego ao bater as pedras, mas as lascas produzidas têm fraturas conchoidais (em forma de concha), que são típicas das ferramentas da Idade da Pedra.

"A finalidade deles ainda é nebulosa. A percussão das pedras pode ter a intenção de produzir apenas barulho. É possível também que eles busquem algum nutriente, já que eles se interessam pelo pó produzido pelas batidas na pedra fraturada. Analisamos esse pó e só encontramos sílica e quartzo - mas é polêmico se a ingestão disso serve para algo", disse Ottoni ao jornal Estado de São Paulo.

"Ao analisar pedras utilizadas pelos macacos, concluímos que o comportamento de bater as pedras é intencional, mas não o seu produto, que são as lascas semelhantes a ferramentas. Eles produzem lascas conchoidais involuntariamente", afirmou Ottoni.

Segundo ele, três espécies de macacos utilizam ferramentas de pedra para quebrar cocos, nozes e frutas: o macaco-prego, o chimpanzé e o macaco fascicularis, do sudeste asiático. Mas só o macaco-prego da Serra da Capivara foi observado utilizando as pedras com o propósito de fraturá-las e não de quebrar algum outro objeto. Localizado na região Nordeste do Brasil, o Parque Nacional Serra da Capivara é um parque arqueológico, inscrito pela UNESCO na lista do Patrimônio Mundial. Um conjunto de chapadas e vales abrigam sítios arqueológicos com pinturas e gravuras rupestres, além de outros vestígios do cotidiano pré-histórico.

Sobre um relevo acidentado, em uma região de clima semiárido, períodos alternados de chuva e de seca promovem fortes mudanças na paisagem. Em um momento, a vegetação é exuberante e há uma surpreendente diversidade de flores de cores vivas. Em outro, a vegetação seca e perde suas folhas. É quando as formações rochosas se destacam sobre a vegetação desnudada.

Os registros rupestres, pintados ou gravados sobre as paredes rochosas, são formas gráficas de comunicação utilizadas pelos grupos pré-históricos que habitaram a região do Parque. As representações gráficas abordam uma grande variedade de formas, cores e temas. Foram pintadas cenas de caça, sexo, guerra e diversos aspectos da vida cotidiana e do universo simbólico dos seus autores. O estudo desses registros possibilita o reconhecimento de temas recorrentes e a identificação de diferentes maneiras de representá-los. Pode-se dizer, ainda, que são pistas da forma de vida dessas populações.   Para os arqueólogos, as lascas conchoidais eram uma evidência de ação proposital humana, mas vimos agora que elas podem ser um mero acidente produzido por macacos. Algumas evidências mais arcaicas de presença de hominídeos terão que ser cuidadosamente reexaminadas", disse Ottoni.

Mais plausível. Embora a descoberta crie novos problemas para os arqueólogos, ela é positiva do ponto de vista dos primatólogos, segundo Ottoni. Ele afirma que, embora muitas lâminas de pedra possam ter sido produzidas casualmente por macacos, é possível que essa maior presença de lascas tenha aumentado as probabilidades de que hominídeos tenham descoberto seu potencial para novas tarefas como cortar e raspar.

"Eu jamais havia pensado que esse estudo complicaria o trabalho dos arqueólogos, mas da nossa perspectiva de primatologistas, podemos contar uma história mais parcimoniosa sobre a evolução da cognição tecnológica. É plausível que os hominídeos tenham até mesmo utilizado ferramentas de pedra produzidas sem intenção pelos macacos", explicou.

De acordo com outro dos autores do estudo, Tomos Proffitt, da Escola de Arqueologia da Universidade de Oxford (Reino Unido), as conclusões do estudo realmente geram novas questões para os arqueólogos, mas não significam que as primeiras ferramentas de pedra - produzidas há mais de 3 milhões de anos e encontradas no leste da África - não tenham sido feitas por hominídeos.

"Por outro lado, as conclusões levantam interessantes questões sobre as possíveis maneiras como as tecnologias de ferramentas de pedra evoluíram antes dos primeiros registros de ferramentas produzidas por hominídeos", disse Proffitt.O Parque Nacional Serra da Capivara é uma unidade de conservação arqueológica com uma riqueza de vestígios que se conservaram durante milênios. O patrimônio cultural e os ecossistemas locais estão intimamente ligados, pois a conservação do primeiro depende do equilíbrio desses ecossistemas. O equilíbrio entre os recursos naturais é o condicionante na conservação dos recursos culturais e foi o que orientou o zoneamento, a gestão e o uso do Parque pelo poder público.

É um local com vários atrativos, monumental museu a céu aberto, entre belíssimas formações rochosas, onde encontram sítios arqueológicos e paleontológicos espetaculares, que testemunham a presença de humanos e animais pré-históricos. O parque nacional foi criado graças, em grande parte, ao trabalho da arqueóloga Niéde Guidon, que hoje dirige a Fundação Museu do Homem Americano, instituição responsável pelo manejo do parque. Fotos de Gilberto Smaniotto. Com informações do Parque Serra da Capivara ,  de O Estado de São Paulo e Wikipedia.