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Maestro João Carlos Martins e os Esquema Malufista


A amizade com Maluf tería começdo devido ao gosto de Maluf pelo piano. Maluf gosta de tocar piano. Mas Maluf acabou usando João Carlos Martins. Como faz com todos..

Dono da empresa Paubrasil e operador do esquema que arrecadou US$ 19 milhões para as campanhas malufistas em 90 (governador) e 92 (prefeito), João Carlos Martins admite que o prefeito Celso Pitta, a exemplo dele, pode ter sido usado como ``laranja'' do esquema malufista.
``O fato de eu ter feito duas campanhas recebendo todos os cheques nominais e fazendo todos os cheques com recibo, eu posso até ser chamado de `laranja''', diz. Para Martins, Pitta é uma ``pessoa digna, mas que pode ter sido vítima daquilo que eu usaria a mesma expressão: quase que um laranja''.
Martins, que quer depor na CPI, deu essa declaração em entrevista ontem à Folha. Pianista, morando em Miami (EUA), ele fez ressalvas sobre sua declaração. Acha que não devia falar isso por não ter acompanhado melhor a atuação de Pitta no caso dos precatórios. Acredita que Pitta é ``honesto''.
Na entrevista, Martins queixa-se do comportamento de Maluf em relação a ele. Diz que o ex-prefeito se afastou dele após a descoberta do caso Paubrasil. Calim Eid, tesoureiro das campanhas de Maluf, é o único com quem ele mantém amizade no staff malufista.
O abandono de amigos na hora em que eles enfrentam problemas, segundo Martins, é um traço da personalidade de Maluf. ``Os amigos vão e vêm. Os inimigos se acumulam'', diz, sobre o ex-amigo.
Queixa-se de não ter recebido um único telefonema de Maluf após tentativa de assalto que sofreu na Bulgária, em 95. Martins sofreu hematoma cerebral.
Trechos da entrevista que Martins deu, por telefone, à Folha:
Folha - Como estão suas atividades musicais, após o acidente?
João Carlos Martins -
 O meu problema é conseguir, apesar de meus problemas físicos, voltar à música. Mas recomecei. Fiz minha volta em Nova York e agora recomeço os concertos normalmente.
Folha - No Brasil, a CPI dos Precatórios trouxe à tona o caso Paubrasil. O que o sr. acha disso?
Martins -
 Graças a Deus, nem sei o que quer dizer precatório. No dia 14 de novembro de 92, foi a última atividade da Paubrasil na segunda campanha política do sr. Paulo Maluf.
Folha - Mas por que aparecem os mesmos agentes nos casos Paubrasil e precatórios?
Martins -
 No caso Paubrasil, eu emiti, acho, cerca de 2.000 cheques. Se a pessoa que recebia o cheque depositava na conta dele ou trocava numa corretora, eu não tinha domínio sobre isso.
Folha - As investigações feitas pela CPI apontam na direção de campanhas eleitorais...
Martins -
 Esse problema tem no mundo inteiro. Quem está ajudando campanha eleitoral sempre está interessados em trabalhar para o governo ``a posteriori''.
Folha - E a participação do Pitta no caso dos precatórios?
Martins -
 Vi Pitta duas ou três vezes na minha vida. Me pareceu uma pessoa séria. Não gostaria de acreditar que houvesse alguma segunda intenção dele na prefeitura.
Folha - Qual a participação de Pitta no esquema?
Martins -
 O fato de eu ter feito duas campanhas, recebendo todos os cheques nominais e fazendo todos os cheques com recibos, eu posso até ser chamado de um ``laranja''. Pitta é uma pessoa digna, mas que pode ter sido vítima daquilo que eu usaria a mesma expressão: quase um ``laranja''.
Folha - Pessoas de confiança do Pitta faziam parte do esquema dos precatórios. O sr. acha que ele e o Maluf não tinham conhecimento?
Martins -
 A responsabilidade final provando que realmente isso aconteceu -e eu nem acredito que isso tenha acontecido -, cai na mão do mandatário supremo.
A responsabilidade tem que ser do prefeito. No Paubrasil, assumi toda a responsabilidade. Enfrentei coisas que só eu e Deus sabemos. Não adianta fugir e dizer que a responsabilidade é do quinto escalão.
Folha - O sr. era muito amigo do Maluf. Como são as relações hoje?Martins - Nenhuma. Nesse drama que passei, tenho uma dívida de gratidão com duas pessoas. Uma é o meu irmão Ives Gandra. A outra é um amigo desde que eu tinha nove anos, que é o Calim Eid.
Quanto ao sr. Maluf, eu estava praticamente à morte, na Bulgária. Fiquei cinco horas desacordado numa rua, todos os jornais noticiaram. Depois, fiz uma operação para extrair um tumor nas costas. Nunca recebi um telefonema dele.
Folha - Ou seja, o sr. colocou sua empresa a serviço do Maluf...
Martins -
 Nos primeiros seis meses do caso Paubrasil, ele me telefonou. Mas, depois que a coisa ficou toda delineada para a palavra Paubrasil, nunca mais recebi um telefonema dessa pessoa.
Folha - O sr. acha que esse é um traço da personalidade do Maluf?
Martins - 
Acho. Não fosse o Calim, eu estaria totalmente à deriva.
Folha - O sr. está arrependido de ter colocado sua empresa para arrecadar dinheiro para Maluf?
Martins -
 Eu preciso acreditar em reencarnação para voltar a viver e saber que jamais participaria de qualquer campanha política, principalmente do Maluf. Extraído da Folha de São Paulo de 26 de Março de 1997. http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc260306.htm