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Arte com o cocô?

A arte, antes de tudo é contestatória do paradigma da condição sublime da metafísica humana. Pensando mais a longo prazo, a poiesis do acompanhamento das preferências de consumo pode nos levar a considerar a reestruturação dos métodos utilizados na avaliação de resultados da arte contemporânea. O incentivo ao avanço tecnológico, assim como o entendimento das metas propostas representa uma abertura para a melhoria do impacto na agilidade decisória quando se fala de arte.
Nesse ponto de vista, os elementos constituintes do que é arte e do viés de fazê-la se tornam opressores na medida em que intensificam a necessidade de uma execução dos pontos de um pseudo-programa que supostamente agregaria valor ao estabelecimento dos conhecimentos estratégicos para atingir a excelência.
Obviamente isso é um fato meramente obstaculizador do que realmente é a arte. Enquanto os homens primitivos usavam suas mãos e partes do corpo para representar sua natureza e sua condição no mundo, a arte rupestre simbolizava o todo que o primitivo percebia.
Tendo isso como ponto de partida, o artista representa o universo do real na política brasileira. Vai cagando na tela como os políticos cagam na sociedade que os alimenta. No fim, tudo no universo gira em volta do cocô. A prática cotidiana prova que o aumento do diálogo entre os diferentes setores produtivos oferece uma interessante oportunidade para um cagar na cabeça do outro, seja em sentido figurado, seja em sentido literal, haja vista que a profissão mais desqualificada no mundo é o de limpador de esgoto na índia, o chamado popularmente de “mergulhador do cocô”.
Dessa forma, a arte anal se torna parte do indivíduo e representante de seu íntimo revelado ao mundo. É a verificação dos procedimentos normalmente adotados por todos, das bactérias que cagam sobre nossa boca aos elefantes e seu excremento copioso, sem falar das baleias, e suas fezes que se espalham na água em que nos banhamos nos finais de semana e os peixes que defecam na água que iremos beber.
Do mesmo modo, a competitividade nas transações comerciais da arte contemporânea garante a contribuição de um grupo importante de artistas no que concerne a enfatização de que a merda é não somente um produto da existência humana, como também é uma condição sine qua non para nossa existência, pois na medida em que esterco é adubo, comemos merda de terceiro grau, para gerar a merda de quarto grau.
O mundo gira em torno da merda, e das condições inegavelmente apropriadas pela exrescência.
Todavia, o julgamento imparcial das eventualidades apresenta tendências de cropofagia no sentido de que se bebemos água com cocô e comemos vegetais que nasceram do cocô, somos, em certa maneira produtos do cocô. E o que fazemos com relação a esta última ferida narcísica? Nada. Nós solenemente a ignoramos, ou no popular: CAGAMOS E ANDAMOS.
A arte como elemento espelhador da nossa condição humana aprova a manutenção da condição inovadora de maquinas de fazer merda da qual fazemos parte. Todas estas questões, devidamente ponderadas, levantam dúvidas sobre o papel do Estado na garantia da adoção de políticas descentralizadoras do cocô. Devemos no separar dele? Se somos o cocô e o cocô somos nós, nós não devemos adotar uma outra forma de visão com relação ao que chamamos de morte? A arte contemporânea cumpre seu papel essencial de nos mostrar que em vez de ser enterrados, como muitos animais fazem com suas fezes, deveríamos ser jogados numa privada gigante.
Se na formulação dos níveis de motivação departamental nós somos o cocô supremo, pois além de sermos a merda e produzirmos a merda física, também pensamos e filosofamos as merdas imateriais, de tal modo que devemos estar em total acordo com essa nossa forma sublime de existência.
Por conseguinte, a crescente influência da mídia, as novelas, o jornalismo com a qualidade que conhecemos e as revistas semanais, cada qual puxando a brasa para seu partido, auxiliam vivamente a percepção que estamos afundados num mar infinito de merda que se estende aos confins da existência.
É importante de se enfatizar que apesar da expansão dos mercados mundiais para a arte contemporânea, ela ainda não demonstrou convincentemente que vai aderir cabalmente ao uso da merda como substrato para um retrato evacuado da sociedade moderna, dessa forma, participando na mudança das formas de ação.
É isso que torna raro e importante, talvez profícua a arte ejetada pelo ânus. Por outro lado, o desafiador cenário globalizado causa impacto indireto na reavaliação de todos os recursos funcionais envolvidos na questão do cocô.
Sim, porque se o cocô é adubo, e adubo é fertilizante, defecar na tela é ao mesmo tempo uma ação representativa e também uma ação demonstrativa do que é a criatividade humana. Se pensamos merda, e se fazemos merda, a arte, produto da nossa mente somada a nossa representação íntima só pode ser efetivamente representada como uma merda. Dessa forma, a arte clássica, a exemplo, a barroca pode ser entendida como uma merda de natureza mental e sutil, enquanto a merda escancarada e colorida da arte contemporânea é um toque de real num panorama retal, eminentemente e cada vez mais marcado por relações virtuais de qualidade dejética.
Acima de tudo, é fundamental ressaltar que o novo modelo estrutural de arte cocoporânea aqui preconizado maximiza as possibilidades de reflexão acerca do mundo material e imaterial por conta do investimento em reciclagem da técnica. “Você é o que você come”, já dizia o dito popular. Pediríamos licença então para completar com a ótica estética e Epistemologica da arte contemporânea, que nos mostra que “Você também é o que você caga”. O cuidado em identificar pontos críticos na mobilidade dos capitais internacionais prepara-nos para enfrentar situações atípicas de merdas financeiras, merdas do capital. Os jornais mostram que vem dando merda na Russia, deu merda entre as Coreias, e a qualquer momento vai dar uma merda de proporções piroclásticas quando Yellowstone explodir. O resultado dessa merda toda é que nós, os merdas que criamos a sociedade desigual que também é uma merda, vamos desaparecer no fluxo escalafobético de merdlehização planetária.
É importante questionar o quanto a necessidade de renovação fétida e fecal nos obriga à análise das condições financeiras e administrativas exigidas da arte cocôporânea.
Nunca é demais lembrar o peso e o significado destes problemas, uma vez que a determinação clara de objetivos da arte não pode mais se dissociar das direções das fezes no sentido do progresso. A certificação de metodologias que nos auxiliam a lidar com o surgimento do comércio virtual dos produtos intestinais, talvez venha a ressaltar a relatividade das posturas dos órgãos dirigentes com relação às suas atribuições fecais.
A nível organizacional, a revolução dos costumes acarreta um processo de reformulação e modernização da compreensão do que somos e o que estamos fazendo neste mundo. Apenas a arte pode desafiar nossa capacidade de equalização do ser e estar na merda que abunda. Que abunda na bunda.
Philipe Kling David – Crítico de arte Cocôporânea