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O VÍCIO DAS DROGAS E A CURA DE UMA FORMA DIFERENTE E CIENTÍFICA

Projeto Phoenix



O Projeto Phoenix é uma equipe multidisciplinar que trabalha com tratamento e prevenção do abuso de substâncias psicoativas (drogas, álcool e auto-medicação).

O tratamento pode se desenvolver a nível de internação institucional, internação domiciliar e tratamento ambulatorial, com orientação e acompanhamento familiar.

Nossa equipe constitui-se de: Médico Neuropsiquiatra
Médico Clínico
Psicólogos
Acompanhantes Terapêuticos
Equipe de Remoção
Enfermeiros Especializados em Contenção


Médica Responsável: Patrizia Donatella Streparava CRM: 28760
Neuropsiquiatra Pós-Graduada em Neuroscience pelo Duke Medical Center - Duke U.- NC. e Shand’s Medical Center, U of Fla. USA.
Presidente do Comitê Multidisciplinar de Estudos, Prevenção e Tratamento do Alcoolismo e Drogadependências da Associação Paulista de Medicina.

Endereço profissional:
Horário comercial: de segunda à sexta-feira, das 10:00h às 20:00h
Alameda Jauaperi, 1423 - Indianópolis
Cep: 04523-015 - São Paulo - SP

Contato: pphoenix@uol.com.br  ///////////// Drogadependência Cérebro e Mente

Projeto Phoenix
Dra. Patrizia Donatella Streparava


Cérebro é um órgão. Mente é uma das funções desse órgão. Entender esse funcionamento é básico para que possamos sair do campo da mera opinião e organizar ações efetivas para a resolução de problemas. Entender a inter-relação entre órgão e sua função significa sair da posição ilimitada do "a mente pode tudo" ou "poder do pensamento positivo", posto que esta mente e este pensamento são produto e pôr conseguinte limitados pelas leis físicas e biologicas que delimitam o funcionamento de órgãos e sistemas de todos os mamíferos, nós incluídos.

A segunda limitação da mente se dá pela presença ou não de disfunção mental, que longe de ser um castigo pelos Deuses enviado, funciona como funcionaria qualquer órgão de qualquer sistema.

Peguemos por ex. o estômago, cuja função, juntamente com boca, esôfago e intestinos, é a digestão.

Imaginem então, que por uma série de agressões externas, como por ex. comer todo o tempo comida muito condimentada, beber em excesso, fumar demais etc., este estômago desenvolva uma inflamação conhecida como gastrite. Eis que a partir disso, muita coisa começa a mudar, iniciando pelo humor da pessoa, que ninguém é feliz com dor de barriga, até alteração drástica dos hábitos de vida. Ninguém com gastrite sente o mínimo constrangimento de ir ao médico e tomar suas cimetidinas da vida, posto que a gastrite é "real", um órgão palpável que pode ser visto em qualquer radiografia. Quando a questão é a "mente", então o assunto muda de figura, passando para o domínio do imponderável. Fica um pouco mais difícil aceitar que uma alteração da mente possa ser causado pôr algo tão prosaico como uma "gastrite" cerebral, por excesso de "condimentos" na alimentação desse mesmo cérebro, sendo que esses "condimentos" no caso possam ser desde excesso de estímulos ou falta deles, até conseqüência de alterações de humor interno, causadas pela própria gastrite , lá embaixo no estômago, como antes falávamos.

Para que o órgão cérebro funcione adequadamente, existem as condições básicas que são: estrutura: já vem embutida no desenvolvimento embrionário, e salve erros, desenvolve-se a contento.

maturação: ao nascermos, nosso cérebro pesa cerca de ½ Kg, e ao final de sua maturação, por volta dos sete anos, vai a 2,5 Kg , que é o peso que se manterá por toda a vida, salvo alterações demenciais ou perda de
substância por traumatismo.

alimentação: como todo e qualquer organismo, o cérebro necessita de alimentação adequada, tanto para desenvolver-se como para simplesmente funcionar


Assim, havendo estes itens básicos, o funcionamento é adequado para a idade cronológica do sujeito que o possui. Isto quer dizer que, uma criança de 3 anos que esperneia e grita porque não consegue alcançae uma bala no armário da cozinha, está perfeitamente adequada a seu estágio de desenvolvimento mental, usando os recursos que tem para pedir ajuda. Por outro lado, se um adolescente de 15 anos enfia o nariz na cocaína pôr se sentir incompreendido ou solitário, certamente há algo de errado em algum nível cerebral, posto que já deveria possuir o repertório suficiente para pedir ajuda de forma mais adequada e eficaz.

Entramos agora no ponto crucial : porque se, a estrutura desse cérebro está normal, o desenvolvimento e a maturação também o foram, assim como a alimentação para o sistema, esse mesmo sistema se transforma em algo disfuncional?

Usando o computador como exemplo: o hardware está perfeito. O soft também, mas a informação que forneço está errada, a conseqüência só pode ser do micro não cumprir a tarefa que lhe foi designada. E não adianta chutar o micro, berrar com ele ou descabelar-se, uivando "onde foi que errei?"

O mais prático e eficaz no caso, é começar com o mais simples, isto é, checando a informação que usei. O mesmo acontece com nosso cérebro, que entra num tipo de pane quando as informações recebidas não condizem com o sistema que se está usando.

E aqui é que mora o perigo, pois, ao contrário do computador, que tem sistemas totalmente definidos, não tem cultura nem civilização, não é penalizado se fizer uma bobagem federal, porque o culpado a fim e a cabo é de quem o manipula, o cérebro tem que dar conta de tarefas cada vez mais complexas para as quais nem sempre há uma estrutura muito definida, criando esta estrutura.

Acontece assim: se aperto a tecla errada do micro, a resposta será sempre errada. Se tenho que apertar um parafuso numa estante e não tenho o tamanho exato da chave de fenda, posso sempre tentar com uma faca de ponta arredondada, um grampo de cabelo, ou qualquer coisa que se pareça com a chave de fenda ou que possa imitar sua função. Só aqui já temos 3 funções mentais que são: criatividade (fazer algo novo), que depende da observação (uma faca arredondada pode funcionar como chave de fenda), que depende da atenção (observei muitas pessoas usando chaves de fenda, aprendi o que é uma chave de fenda e para que serve, e portanto, pude associar com outros objetos parecidos).

Aqui a mente adestrada para, e compara o que está sendo feito com o objetivo inicial, que era o de apertar o parafuso. Se o resultado foi a faca ter escapado de minha mão e ao invés de apertar o parafuso, cortou meu dedo, criou-se um novo objetivo mais premente: tratar do dedo acidentado, para o que, a já citada mente usou outra de suas fantásticas funções: a priorização, que é saber o que é mais importante fazer primeiro : cuidar do dedo ferido ou ignorá-lo e continuar tentando apertar o parafuso, espalhando sangue pela estante, pelo chão e correndo o risco de pegar tétano.

Para que isso pudesse acontecer, muitos ancestrais nossos morreram comidos por Tiranossauros Rex, porque, ao invés de correrem, foram verificar que bicho era aquilo. Os que sobraram foram os que sabiam intuitivamente ou apreenderam, qual é a hora de correr e qual é a hora de lutar, mecanismo este embutido numa parte de nosso cérebro chamada Sistema Límbico, ou Mesencéfalo, que é também a parte que controla nossas emoções e nosso sistema endócrino (hormonal). É a parte que condividimos com os mamíferos de qualquer tipo, de baleia a cachorro. O que nos diferencia dos demais animais é o Neocórtex , parte mais nova do cérebro e que funciona, ou deveria funcionar, para as funções assim chamadas mais nobres do ser humano que são: aprendizado, memória, ética, crítica e julgamento.